As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por 45% das mortes na Europa. A doença isquêmica do coração, o acidente vascular cerebral e a hipertensão (levando à insuficiência cardíaca) entram como as principais causas da fatalidade. Seguindo a alta prevalência, a periodontite grave (doença crônica não transmissível) entra como a sexta doença humana mais comum, afetando 11,2% da população mundial.
Nos últimos 5 anos, novas informações científicas importantes surgiram, fornecendo evidências para apoiar associações entre a periodontite grave e várias doenças crônicas não transmissíveis (DNTs), em particular as cardiovasculares. Em 2012, por exemplo, foi realizado um workshop conjunto entre a European Federation of Periodontology (EFP) e a American Academy of Periodontology.
Com o intuito de revisar a literatura relacionada a periodontite e doenças sistêmicas, incluindo DCV, o estudo nomeado “Periodontite e doenças cardiovasculares: relatório de consenso" e publicado no Journal of Clinical Periodontology, traz evidências epidemiológicas existentes para associações significativas entre periodontite e DCV, as ligações mecanísticas e o impacto da terapia periodontal nos resultados cardiovasculares e substitutos.
O trabalho ainda traz o risco potencial e as complicações da terapia periodontal em pacientes em terapia antitrombótica. Confira 7 recomendações para profissionais de saúde bucal na prática odontológica e/ou consultório em pessoas com doenças cardiovasculares (DCV):
7 Recomendações para o Profissional de Saúde Bucal:
1. Pacientes com periodontite devem ser avisados de que há uma maior risco de doenças cardiovasculares, como enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral, e como tal, devem gerenciar ativamente todos os seus fatores de risco (tabagismo, exercícios, excesso de peso, pressão arterial, controle de lipídios e glicose, e terapia e manutenção periodontal).
2. Pacientes com periodontite e diagnóstico de DCV devem ser informados de que podem estar em maior risco de complicações e, portanto, devem aderir regularmente à terapêutica dentária recomendada, manutenção e regimes preventivos.
3. Os pacientes com uma história de fatores de risco de DCV, como diabetes, obesidade, tabagismo, hipertensão, hiperlipidemia e hiperglicemia devem consultar seu médico se esses fatores não estiverem controlados.
4. Educação em saúde bucal deve ser fornecida a todos os pacientes com periodontite e um regime de higiene oral personalizado, incluindo escovação duas vezes ao dia, limpeza interdental e, em alguns casos, o uso de adjuvantes para controle químico da placa pode ser apropriado.
5. Pessoas que apresentam DCV devem receber uma avaliação completa de exame periodontal, incluindo sondagens de boca inteira e pontuações de sangramento.
6. Se nenhuma periodontite for diagnosticada inicialmente, os pacientes com DCV devem ser colocados em um regime de cuidados preventivos e monitorados regularmente (pelo menos uma vez por ano) para mudanças no estado periodontal.
7. Pessoas com DCV, se a periodontite for diagnosticada, devem ser tratadas assim que seu estado cardiovascular permitir. Independentemente do nível de DCV ou medicação específica , a terapia periodontal não cirúrgica deve ser fornecida , de preferência em várias sessões de 30 a 45 minutos, a fim de minimizar um pico de inflamação sistêmica aguda.
Fique atento: Hipertensão e Medicação Anticoagulante
Recomenda-se medir a pressão arterial dos pacientes (após relaxamento apropriado) antes da intervenção cirúrgica. Em casos de hipertensão (acima 180/100 de acordo com opinião de especialista), a cirurgia deve ser adiada até que a pressão arterial do paciente esteja estabilizada.
Procedimentos cirúrgicos periodontais e de implante geralmente conferem apenas um risco baixo a médio de sangramento, porém é importante tomar cuidado com medicamentos que contêm antiagregantes plaquetários e anticoagulantes. Em termos gerais, o dentista não deve mudar a medicação de um paciente ou, nos casos de dúvida, deve consultar o cardiologista antes da intervenção cirúrgica.
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